O livro Hiperfoco, de Chris Bailey, me trouxe uma nova perspectiva sobre produtividade, foco e como utilizamos nossa atenção no dia a dia. Por isso, quero compartilhar com você os principais insights que transformaram minha rotina — e que podem impactar positivamente a sua também.

Duas Formas de Foco: Hiperfoco e Foco Disperso
Bailey divide o conteúdo do livro em dois tipos principais de foco: Hiperfoco e Foco Disperso. Ao dominar essas duas formas, você se torna mais produtivo em tarefas analíticas e também mais criativo na hora de resolver problemas complexos.
O autor organiza o livro em ideias-chave, com base em estudos científicos, exemplos práticos e sugestões de aplicação. A estrutura que apresento aqui não segue exatamente os capítulos do livro. Ela é fruto das minhas anotações pessoais, que você pode baixar gratuitamente no mapa mental ao final deste post.
1. O que é Foco?

Foco é a capacidade de manter um objeto de atenção na mente de forma contínua e consciente. O hiperfoco é a prática de sustentar essa atenção por longos períodos, seja de maneira espontânea ou intencional.
Esse “objeto” pode ser físico (como um livro ou uma planilha) ou uma atividade (como correr ou andar de bicicleta). O importante é a atenção plena.
Bailey nos desafia a sair do piloto automático e sermos mais intencionais com o que consumimos e fazemos. Ele afirma: “Somos aquilo em que prestamos atenção.” Essa ideia ressoa com outras abordagens, como a famosa metáfora de Ford: se você só conhece cavalos, não pode imaginar um carro — sua imaginação é limitada por sua base de referências.
2. Os Dados Científicos por Trás do Foco

Somos bombardeados por mais de 11 milhões de bits de informação por segundo. Cada pequeno detalhe que podemos notar (como a cor ou a textura de um objeto) conta como um bit. Mas nosso cérebro só consegue focar em cerca de 40 bits por vez, e apenas 4 deles permanecem na memória de curto prazo.
É por isso que números telefônicos, por exemplo, costumam ser divididos em blocos de quatro — nosso cérebro lida melhor assim.
Além disso, enfrentamos três grandes inimigos do foco:
- Distrações internas: Estudos mostram que 47% do tempo estamos pensando em outra coisa que não o que deveríamos. Isso inclui desde preocupações até conversas que queríamos ter tido.
- Busca por novidade: Somos naturalmente atraídos por tudo que é novo — notificações, redes sociais, notícias.
- Custo da interrupção: Sempre que perdemos o foco, leva em média 25 minutos para retomar o estado anterior de concentração profunda.
Esses fatores mostram que proteger nossa atenção é essencial para aumentar a produtividade.
3. Como Gerenciar seu Espaço Atencional

O autor introduz o conceito de espaço atencional — o limite de informações que conseguimos manter na mente de forma consciente, geralmente até 4 elementos por vez.
Atividades mais complexas, como estudar, consomem todo esse espaço. Outras mais simples, como beber água, utilizam apenas uma fração. Para lidar com isso, o cérebro recorre ao piloto automático para atividades repetitivas, como escovar os dentes ou dirigir.
No entanto, exigir demais do seu espaço atencional continuamente pode levar à sobrecarga, afetar sua memória, elevar o estresse e prejudicar seu desempenho a longo prazo.
A boa notícia é que existem formas práticas de gerenciar melhor esse espaço mental — tema que será aprofundado no próximo tópico da resenha.
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4. Saindo do piloto automático

Não há problema em usar o piloto automático em tarefas que não exigem esforço mental, como andar de bicicleta ou dirigir. Seria exaustivo pensar a todo instante no equilíbrio, na pedalada ou no trânsito ao redor. Porém, viver o tempo todo nesse modo traz malefícios a longo prazo.
Muitas pessoas estão perdendo a capacidade de manter o foco por períodos prolongados. Além disso, o espaço atencional (a quantidade de informações que conseguimos processar ao mesmo tempo) e a memória de curto prazo estão sendo reduzidos.
Por isso, Chris Bailey nos convida a desligar o piloto automático de forma consciente para:
- Melhorar a retenção de informações.
- Reduzir o tempo perdido ao tentar retomar o foco.
- Otimizar o uso do espaço atencional.
Dicas práticas para sair do piloto automático:
1. Observe seus pensamentos
Use alarmes de atenção ao longo do dia para perceber quando está focado e quando está divagando.
2. Defina 3 tarefas prioritárias por dia
Evite sobrecarga. Concentre-se nas 3 tarefas mais importantes. Ao realizá-las, talvez ainda sobre tempo e energia para outras.
3. Anote tudo o que precisa fazer
Compromissos, tarefas, lembretes. Tirar essas informações da cabeça libera espaço atencional e reduz a ansiedade. Use agendas, aplicativos ou mesmo papel.
4. Simplifique seus ambientes
Ambientes desorganizados drenam foco. Pias sujas, roupas largadas ou gavetas caóticas geram estresse mental, mesmo inconscientemente. Reduza o excesso visual e considere incluir plantas — elas ajudam no foco disperso (veremos isso adiante).
5. Reduza o uso do celular
O celular é um vórtice de distrações. Sempre que possível, migre atividades para o físico: agendas de papel, listas, livros. Isso ajuda a manter o foco e evitar a procrastinação digital.
6. Gerencie melhor e-mails e reuniões
- E-mails: Estabeleça horários específicos para checá-los (ex: 2x ao dia). Evite deixar a caixa de entrada aberta o tempo todo.
- Reuniões: Elas devem ter pauta clara e propósito. Se puder substituir por mensagens ou e-mails, melhor ainda. E se houver dúvidas sobre se todos lerão, peça um “confirmado” ou um pequeno resumo.
7. Aumente seu espaço atencional
- Pratique atenção plena (mindfulness) ao longo do dia.
- Use alarmes de atenção como treino.
- Meditação também é eficaz — especialmente a budista, como sugere o autor —, mas qualquer prática de presença já ajuda a treinar sua atenção.
5. Quando usar o hiperfoco?

O hiperfoco não é ideal para toda situação. Em alguns momentos, o foco disperso será mais vantajoso (veremos isso depois).
Use o hiperfoco quando:
- A tarefa for objetiva e complexa;
- Houver grande resistência ou procrastinação envolvida.
📌 Dica clássica: Se tiver que engolir um sapo por dia, faça isso logo pela manhã. E se forem dois sapos… comece pelo mais feio.
6. Como hiperfocar na prática?

Desfocar é natural, mas há maneiras de induzir estados de hiperfoco:
• Trabalhe em blocos de tempo
Crie períodos de foco profundo de pelo menos 50 minutos. Depois, descanse brevemente: prepare um café, respire, confira mensagens (com controle).
• Antecipe obstáculos
Se sabe que algo vai te distrair (notificações, visitas, fome), antecipe-se. Tenha uma agenda do dia e evite que outras pessoas ditem seu ritmo.
• Use alarmes de atenção
Configure lembretes para se avaliar: estou focado? Estou produtivo? O que posso ajustar?
• Divagou? Volte — e sem culpa
Quando perceber que saiu do foco, apenas volte. O segredo está em repetir esse retorno sem autocobrança.
7 – Foco Disperso

O foco disperso é praticamente o oposto do hiperfoco. Por que “praticamente”? Porque nossa mente, nesse estado, divaga sobre a vida, problemas, conversas e outros assuntos do dia a dia. Não é o mesmo que ficar navegando por vídeos ou conteúdos alheios nas redes sociais, mas sim um tempo real para ficar em piloto automático e refletir sobre a vida.
Por que isso é importante? Porque o foco disperso é a parte mais criativa da nossa mente, responsável por gerar soluções criativas para problemas difíceis.
Já aconteceu de você ficar preso num problema que não consegue resolver? Por exemplo, o carro não liga e você não encontra a causa. Ao hiperfocar, nada acontece. Mas quando você se afasta e deixa a mente vagar, a solução pode surgir do nada — o famoso “Eureka!” aparece justamente nos momentos em que estamos mais à toa.
Esse modo é excelente para definir intenções e planejar o futuro, como um brainstorm espontâneo. Muitas vezes, as melhores ideias aparecem quando estamos dispersos. Por isso, é bom alternar o hiperfoco com momentos de foco disperso para recarregar a mente.
Uma dica prática: ao escrever um texto, não precisa terminar todas as frases imediatamente, especialmente se estiver travado. Deixe a frase pela metade e volte a ela mais tarde — o insight pode vir em outro momento. (Dica extra: tenha uma agenda ou bloco de notas sempre por perto para anotar essas ideias.)
Existem três modos de foco disperso:
- Modo captura: a mente vagueia enquanto você anota ideias com caneta e papel (ou até no celular). Boas ideias podem surgir para o futuro.
- Resolução de problemas: quando não encontra solução, a mente pode trabalhar nos bastidores. Thomas Edison, por exemplo, usava técnicas para acordar durante o sono leve, captando insights importantes.
- Habitual: ao executar tarefas simples e automáticas, como lavar a louça ou cozinhar, o foco disperso atua naturalmente, especialmente quando não há outras demandas cognitivas.
8 – Como alternar entre hiperfoco e foco disperso

Para aproveitar ao máximo ambos os modos, é essencial alterná-los com estratégia.
Use o hiperfoco para tarefas que exigem concentração profunda e reserve o foco disperso para suas pausas. Uma boa prática é fazer pausas de 15 minutos a cada 90 minutos de hiperfoco.
Tarefas mais complexas podem exigir pausas maiores ou mais frequentes. Além disso, faça pausas estratégicas justamente quando a solução de problemas for crucial para o progresso de seus projetos.
Minha opinião pessoal sobre o livro
O livro teve um impacto muito positivo na minha vida. Me ajudou a ser mais intencional nas minhas atividades e a desenvolver estratégias para me policiar e manter o foco.
Nem todos os detalhes deste resumo vieram diretamente do livro; alguns são exemplos e insights que anotei durante a leitura e ao ouvir a versão Audible. Foram 16 horas de aprendizado profundo, com dicas que considero mais relevantes para minha rotina.
Particularmente, as ideias sobre alarmes de foco, gerenciamento de e-mails e reuniões foram fundamentais para aprimorar minha produtividade, pois já tinha um nível de foco acima da média e busco melhorar constantemente.
Acredito que você também pode se beneficiar dessas dicas. Se decidir aplicar alguma delas, deixe um comentário — vou adorar saber como foi sua experiência e ajudar no que for possível.
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